quinta-feira, abril 27, 2006

Traíste-me?! Cá se fazem, cá se pagam...

Se há altura na vida em que não há diferençaentre homem e mulher, é em questões de (in)fidelidade. Se existe mais concretização num lado ou no outro, isso agora não interessa nada. O que interessa mesmo é que em termos de traidores e traídos, eles são tanto eles quanto elas são e em ambos os casos. Isto porque é tudo uma questão de consciência, e a questão da consciência não tem sexo. Isto porque merdas acontecem, e acontecem a toda a gente, e aquela coisa do desta água não beberei é e sempre será uma grande papaia, mais não seja porque as circunstâncias encarregam-se de proporcionar as variáveis necessárias e desnecessárias para que o futuro seja imprevisível e nos faça questionar a porcaria dos dogmas que andamos a comer, diariamente, à hora das refeições.

terça-feira, abril 25, 2006

Yellow, red and blue - W. Kandinsky


Simplesmente porque preciso das cores, desesperadamente....

quarta-feira, abril 19, 2006

"De sol a sol me disponho
Para sonhar de uma vez;
Mas tenho medo de que o sonho
Seja comprido, talvez...

Não desejo conservar-me
Parado; mas sinto lento
Todo e qualquer movimento
Que venha para levar-me...

E mesmo não vejo em roda
Quem me faça a despedida:
De mim esta gente toda
Anda alheia, distraída...

E, lá no fim, pode haver
Uma certa incompreensão
E ninguém me receber,
Ninguém me dar a mão...

Assim fico na distância
Dum desprezo pressentido;
Parado, preso, vestido
Da minha pobre jactância.

Resta-me o grito final
Da morte, medonho e firme;
E toda a gente há-de ouvir-me
E pressentir-me afinal!"

Adolfo Rocha (Miguel Torga)

"Os outros fazem aquilo que querem das tuas palavras, enquanto que os teus silêncios os assustam."


San Antonio

segunda-feira, abril 10, 2006

Amei-te desde a primeira vez que te vi!

Deve ser daquelas frases mais estúpidas que existe. O amor à primeira vista é aquela coisa ridícula que se concretiza milhões de vistas depois. Ou seja, só se sabe que é amor à primeira vista quando, séculos mais tarde algo sólido se formou. É uma opinião muito pessoal eu sei, mas não é só isso que eu tenho para dizer, é que também considero que a noção de amor à primeira vista, deve ser das concepções mais pobrezinhas que se possa ter sobre o universo amoroso. Mas então é isso o amor? Olhar o ser amado e amá-lo à primeira vista despido de todos os excessos que caracterizam a nossa sociedade actual. Sem gostos e vontades à mistura, sem racionalizações de qualquer espécie, sem dia-a-dias, sem construções sociais e culturais daquilo que é perfeito para nós. É olhar alguém à primeira vista, e amar aquilo que se vê, sem saber o que é que se está a ver. Então posso seguramente dizer que, tendo em conta a minha personalidade, eu não me apaixono à primeira vista. Eu considero que amar é uma palavra pequena, comparável ao sonho dos matemáticos de encontrar uma expressão que explique o universo.

Azeitonas Verdes

Era bom se pudessemos considerar os sonhos como uma segunda vida, um universo paralelo de segundas oportunidades em que viver não era melhor ou pior, mas simplesmente diferente. A confusão, os acontecimentos completamente descabidos e as personagens fantásticas bem como a realidade de um espaço sem barreiras, um mar de possibilidades. Há quem diga que sonhar é perspectivar as coisas que nos perturbam no dia-a-dia e que por vezes nem sequer damos conta, de uma forma segura, protegidos pela simbologia misteriosa que nem acordados conseguimos decifrar. Eu cá acho-lhe graça, acho graça que a mixórdia que me passa pela cabeça quando estou a dormir, muitas vezes daria um bom argumento de filme. No entanto, mesmo que consiga repetir para mim as passagens mais significativas do sonho imediatamente depois de acordar, à medida que o tempo passa, a descrição torna-se cada vez mais lacunar e são fracções de segundo de cenas vividas que consigo recordar. Se calhar, são essas as cenas que preciso de descodificar para descobrir aquilo que na realidade me incomoda. Do sonho de hoje ficou-me gravado na memoria um cumprimento com alguém que transportava azeitonas verdes nas mãos e me olhava como quem sabes bem o que isto significa, livra-te de falar.

terça-feira, abril 04, 2006

Mas tu és estúpido ou quê??

As pessoas são infinitamente estúpidas. Por mais que me queira convencer que só eu sou capaz de iniciar determinados comportamentos prejudiciais à minha saúde, simplesmente, porque às vezes temos a sensação que a realidade do perigo é demasiado distante para nos atingir, a verdade é que há muito boa gente por esse mundo fora que me bate aos pontos em estupidez. Tudo isto por uma cena que presenciei enquanto esperava pelo metro. Um casal com dois filhos, uma rapariga adolescente e um puto pequeno com 7/8 anos, debatia a possibilidade de atravessar a linha do metro para utilizar a máquina que se encontrava do outro lado, de forma a carregarem os Andantes da família toda. A mulher, na companhia da filha, lá se decide a ir, 7 minutos para a chegada do metro. Ai que não tenho trocos que chegue, Ai que vem aí o metro, Ai Ai! Tanta coisa e na altura em que já se avista à distância o dito cujo, o pai berra do lado de cá para a filha atravessar a linha à parva. A filha corre. Anda lá que vem aí o metro! A centímetros de distância e lança-se a mulher para a linha, deixa cair os trocos quase todos e quando se encontra a meio da linha por onde o metro efectivamente se aproxima, pára, olha para trás e toca a apanhar o dinheiro. E é por isto que as pessoas são infinitamente estúpidas, é que não fosse o metro andar à lentidão que anda, e aquela família teria sido instantaneamente privada do elemento maternal.


As pessoas são estúpidas porque não têm qualquer noção do perigo. O pai daquela família é estúpido porque estava mais preocupado em apanhar o metro do que na segurança da mulher. Por fim, as notícias não sei quem foi colhido por comboio não sei onde têm agora todo um novo sentido na minha cabeça. E porquê? Porque as pessoas são estúpidas. É que há coisas que nem eu fazia...

Eu avisei-te...

Há medida que o tempo vai passando vamos aprendendo a nos sentirmos cada vez pior com cada vez mais coisas diferentes. O mundo é uma novidade, e é uma novidade que nos faz sentir mal. O contrário também pode ocorrer, e as pequenas coisas que nos afectam podem, a pouco e pouco, ir-se tornando cada vez menos importantes (não desaparecendo, isso nunca). Mas esta progressiva dessensibilização à dor e à desilusão não é uma coisa assim tão boa. Parece-me que se perde a noção básica do valor que temos e da quantidade de “insignificâncias” que estamos dispostos a suportar. É claro que o oposto é o seu próprio exagero. Há coisas que simplesmente não deveriam importar. E nós, enquanto poderosos donos dessa capacidade de ora sensibilizar ora dessensibilizar a consciência em relação às merdas que nos fazem, somos completamente inaptos nessa tarefa. Grande parte das vezes sofremos com minhoquices sem sentido e deixamos passar as verdadeiras afrontas à nossa dignidade sob o pretexto de “não terem importância”. E apesar disto, continuamos a, sempre que solicitados ou não, fazer análises “parciais” à vida dos outros tendo por base as “merdas” que nos acontecem. E porque é que quando temos razão em relação aos outros estes nunca seguem os nossos conselhos? Porque nós também não os seguimos. Porque fazer as coisas acertadas, na altura certa não está na nossa natureza, e, quando acontece é fenómeno digno de se assistir.

domingo, abril 02, 2006

Ultimamente

... têm-me passado pela cabeça mil e um assuntos sobre os quais escrever no blog. A verdade é que não quero escrever. A verdade é que a morbidez do meu pensamento que vive para além dos temas que não me tratam, não é uma coisa que quero partilhar.

... é a música que fala por mim. É o repetir do som que se vai, progressivamente tornando familiar, e se vai progressivamente tornando na única coisa que quero e consigo ouvir.

... olho para o espelho e reconheço-me, mais não seja porque tenho ideias e projectos que ainda não concretizei mas que ainda não tive a oportunidade de ver falhados. São a pequena esperança de que ainda consigo escapar ao meu sofá.

... tudo o que escrevo soa-me a frases feitas e a moralismos de segunda categoria.


PS: Isto já tem alguns dias, e ultimamente já começo a falhar outra vez.

sábado, abril 01, 2006

Meu sonho, sonho mau...

Nunca gostei muito de ter pesadelos, mas sempre achei piada ao acordar sobressaltado e ao berro que muitas vezes nos salva do perigo. No entanto, na maior parte das vezes, os meus pesadelos ocorrem quando não me consigo mexer, falar e muito menos gritar, e por isso quase não consigo distinguir se acordo porque gritei, se gritei depois de acordar, de qualquer forma, é sempre a expressão do alívio de voltar a ter controlo sobre os meus movimentos e as minhas cordas vocais. Porque embora digam que os sonhos são nossos e somos nós que os comandamos, para mim, o pior pesadelo é aquele em que nem sequer me consigo controlar.


PS: Já agora, pesadelo:
agitação ou opressão que se dá durante o sono, em resultado de sonhos aflitivos; mau sonho.