terça-feira, fevereiro 28, 2006

Coisa Ruim


Chamem-lhe lendas, folclore. Mas percebam que há lugares onde os vivos sabem que há mortos que não se apagam. Que às vezes se chama Diabo à fúria de um Deus zangado. E é perante um precipício inesperado que começam a resvalar todas as certezas.

Eu acho que quero muito ver este filme...

domingo, fevereiro 26, 2006

Aquilo que eu tenho para dizer sobre o Carnaval

O Carnaval é tipo o Dia de Acção de Graças, tenho nada a ver com isso.


O Beijo, de Gustav Klimt

Enquanto espécie, passamos a vida inteira a tentar aumentar o conforto nas nossas vidas, físico e psicológico. Acho que é esse o sentido que damos à vida, se tirarmos isso, sobra o quê?

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Dores de dentes

Ir ao dentista é daquelas coisas que se faz por exclusão de partes, sendo que a única parte a excluir é dor de dentes em potencial + dor de dentes concretizada. Nunca sofri na cadeira do dentista nada que se parecesse com a dor proveniente de um dente problemático e vivo desconfiada que só tem medo de ir ao dentista quem não faz disso um hábito. É como andar de bicicleta, nunca se esquece, mas se passarmos muito tempo sem andar numa, os primeiros momentos são sempre vividos piriclitantemente.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Sem ideias

Após ter sido temporariamente afastada do mundo blogueiro devido a dificuldades técnicas experenciadas durante demasiado pouco tempo, cheguei à conclusão que não tenho mais desculpas pessoais para dar pelo facto de não escrever com mais frequência. Sempre achei que escrever no blog era uma boa forma de ir mantendo a sanidade mental porque, apesar de raras vezes conseguir fazer sentido, era uma actividade que preenchia o tempo físico e o espaço mental conduzindo a um raciocínio lógico com sentidos muito pessoais. O facto de ter vindo a escrever muito esporadicamente podia então conduzir a uma lógica conclusão acerca do meu estado mental.

Fora isso, a desculpa de não ter ideias tem de deixar de servir como pano de fundo para uma vontade decadente de não querer puxar pelos neurónios para terminar frases e concretizar pensamentos no écran. Ideias nunca tive e a maioria das vezes escrevia sem assunto. Por isso vamos lá ver se eu melhoro isto, nem que seja só para limpar as células mortas que se vão acumulando nas pontas dos dedos...

E era isto que eu tinha para dizer...

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Ler, na minha cabeça

Acho que a leitura faz por mim mais do que a escrita. A escrita tende a mergulhar-me demasiado em mim própria, e acabo sempre por ocupar um buraco depressivo de procura das razões pelas quais me devo sentir mal. É sempre o meu desabafo, mesmo que mal ou bem disfarçado. A leitura não é minha, mas posso fazê-la minha, e põe-me sempre a cabeça a funcionar a mil à hora. Por esta razão é que me absorve. Por esta razão é que me abstraio completamente de todos os estímulos exteriores e tenho conversas com os meus textos sem que ninguém se aperceba. Nestas alturas começo a notar que o som da voz cá de dentro, a que lê e a que fala, se torna tão alto, que fico com sérias dúvidas se cheguei mesmo a proferir as palavras. Acho que ainda não o fiz até agora, até porque quando estou na presença de pessoas faço questão de comprovar se alguém está a olhar para mim com cara de parvo. Parece-me que de tanto passar tempo exclusivo comigo própria começo a correr riscos maiores de que isso venha a acontecer. Só espero que na altura, não esteja a pensar nenhuma asneira, pelo menos não uma asneira que me prejudique...

terça-feira, fevereiro 14, 2006

O meu dia 14

Isto de passar o dia dos namorados enfiada em casa tem as suas vantagens. Eu deduzo que seja essa a razão principal, que leva a que a memória mais clara que vá guardar deste dia, e dos que o precederam mais directamente, sejam uns míseros corações televisivos, dois ou três spots publicitários e, agora que me encontro mergulhada no universo internético, uns quantos posts que celebram esta prostituição publicitária do amor da forma que mais me agrada, cinicamente.

O pesadelo do dia 14 de Fevereiro costumava começar perto de duas semanas antes (ou mais) quando todo o comércio e todo o colorido exterior à minha casa se veste de vermelho com muitos corações e muitas rosas e muitos bombons e muitos és o melhor namorado/a do mundo. Desta vez, muito devido à minha clausura passiva, pouco vi do comércio local, a televisão da sala teve o azar de se estragar misteriosamente, e a procura internética de emprego nunca me leva para muito perto de corações pulsantes.

Por isso, hoje, posso seguramente dizer que o Dia dos Namorados passou-me e continua a passar-me ao lado, este ano de uma forma menos consciente. Passou-me ao lado não porque não tenha namorado (passou-me ao lado quando tive), não porque esteja frustrada por não ter (sinto-me relativamente descansada nesse aspecto), não porque não aprecio o tema (não aprecio), não porque tanto coração enjoa (é verdade, enjoa), mas porque foi mais ou menos há uma hora atrás que me lembrei que há gente por aí fora que faz do dia de hoje mais do que um dia normal.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

A apatia é melhor

O excesso de movimentos conduz à produção elevada de energia sem objectivo e impossível de extinguir simplesmente através da espera. É melhor a apatia.

Quem és tu?

Sou o receptáculo cavernoso das tuas paranóias. Onde todos os teus medos e pecados se juntam e confirmam as tuas mentiras. Não me reconheces?

terça-feira, fevereiro 07, 2006

atrasado

E é assim. Passou mais um ano. Mais uma vez, o mundo fez reveses no festejo de mais um ciclo que acaba e outro que se inicia. O segundo final do ano de 2005, uma última inspiração e o fôlego preso no estômago quando a rolha da garrafa salta e desaparece no chão da sala. O olhar fixo nas taças de champanhe com o fundo coberto de passas e a espuma branca que fica acumulada no topo e que quase transborda. As bolinhas de ar que sobem rapidamente e o fechar dos olhos antes do gole. O momento que nunca foi esperado e um secreto desejo proferido entre lábios por um futuro diferente daquele que é imaginado. Foi um segundo que parou, talvez o tempo necessário para corrigir a rota do planeta, para voltar a entrar no ritmo. Passados instantes, a vida continua.

Num fim de ano como tantos outros, ela finge, mais uma vez, que se desejar com força suficiente as coisas vão acontecer, e se não acontecerem pelo melhor, pelo menos mudam.

Horas mais tarde, deitada na cama, desperta com os sons da música berrante da festa que se faz distante. Pensa de forma definitiva na vida que leva, na que levou e nas coisas que já perdeu e que sabe que nunca vai recuperar. Não tem pena, a vida muda, nunca poderia ficar igual, mas secretamente pensava, meio em forma de desejo, meio em forma de certeza, que a magia ia continuar. Inventa um discurso depressivo de uma mágoa reprimida que repete e vai repetindo até que, na sua cabeça, o som da música se torna mais forte do que as palavras memorizadas. Sente-se sozinha, como tantas outras vezes, mas também como há muito não se sentia e como há muito esperava não ter de voltar a aprender a ser. Quando a música finalmente pára, adormece.

O dia amanhece e a manhã faz-se tarde. Levanta-se à hora do almoço e dirige-se à cozinha onde as persianas subidas da janela do apartamento do terceiro andar deixam passar a luz ofuscante das nuvens cinzentas que cobrem o céu. Posso tomar banho? Com os olhos semicerrados é a única coisa que consegue dizer, esboça um sorriso e dirige-se à casa de banho. Enquanto caminha com os pés nus dentro dos chinelos emprestados pensa na dificuldade que sempre teve em regular a água quente daquele chuveiro Vai ser uma merda de um banho!

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Era uma vez um Pá

Leiam isto o mais rápido possível, e sintam-se ridículos:

"- Então Pá!
- Tudo bem Pá?
- Tudo Pá, e contigo Pá?
- Também Pá.
- Vais casar Pá?
- Vou Pá.
- Com quem Pá?
- Com a filha do Pá.
- Ena Pá!"

Bons velhos tempos...

Se algum dia me disserem "Eu sei que gostas de mim, não precisas de me provar isso" é porque estou a fazer alguma coisa mal.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

"A solidão é a pior coisa que existe"

Tretas. A pior coisa que existe é aquilo que a determinada altura percepcionamos como má e dolorosa. E por pior que nos sintamos há-de sempre existir algo que, no futuro, nos faça sentir ainda pior.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

E não é que os níveis de nojo que o meu organismo vai atingir nos próximos tempos vão ser exorbitantes!

Isto de passar os dias em casa, tem muito que se lhe diga. Em primeiro lugar (e em último porque é só disto que eu vou falar) não se sente o tempo a passar. Foi com um grande espanto e uma cara de nojo/vómito ou algo do género, que me apercebi que daqui a pouco, vou ter de levar com o dia dos namorados em cima. Pior, toda a publicidade que daí resulta, isso sim é de dar ao grego!