segunda-feira, dezembro 12, 2005

Adriana, a revoltada

Hoje fiquei parva. É algo que me acontece com alguma frequência, principalmente em locais públicos. Hoje foi no Centro de Emprego, não porque tenha ficado desiludida com a oferta de emprego que tinham para mim (e, já agora, fiquei), mas por ter ficado parva com a forma como aquele local funciona.

Há uns dias atrás recebi uma bonita carta a informar-me da existência de uma oferta de emprego na sequência do meu pedido de emprego naquele centro. Esta bonita carta continha a informação de que deveria estar presente no local às 15h40. Mulher precavida que sou, apareci eram 15h20. Entreguei a carta ao segurança/recepcionista que me informou que deveria esperar até ser chamada. Até aqui tudo bem. Olhei para o placar electrónico que continha a informação dos números que estavam a ser chamados para a recepção 1 e para o atendimento 2, e efectuando um rácio entre as pessoas que estavam presentes e os números a ser atendidos, cheguei à conclusão que provavelmente estaria muita gente com a mesma cartinha que eu (isso e o facto de ter visto o amontoado de cartas na secretária do segurança). Deduzi que teria de ficar muito tempo à espera, nada para o qual não estivesse preparada. Deduzi igualmente que o Centro de Emprego deveria ficar aberto numa estimativa aproximada até às 18h (dado que não reparei na informação à entrada) porque ainda estava cheio e já eram quase 16h. Estava errada, como mais tarde vim a confirmar, fecha às 16h, hora a partir da qual não entram mais pessoas e toca a escoar o que ficou lá dentro.

A média do tempo que era passado pelos candidatos dentro do gabinete onde éramos suposto entrar, era de, aproximadamente 20 min. Tendo em conta que as grávidas têm prioridade e que entraram duas antes de mim, deduzi que os trabalhos estavam atrasados. Só comecei realmente a ficar preocupada quando as pessoas que já estavam lá à espera constantemente interpelavam o segurança/recepcionista sobre quantos candidatos estariam à sua frente, ao que este respondia sempre com números entre 4 e 6, dando uma possibilidade de mais uma vez, estimar o meu tempo de espera: muito.

Pouco tempo depois de ter entrado, fiquei surpreendida (ou então não) por ver entrar uma colega de faculdade, de especialização em clínica. Mais ou menos por esta altura comecei a questionar-me sobre a validade do recrutamento feito por aquele centro de emprego. Duas hipóteses ocorreram: ou não tinha a ver com a minha área, ou não tinha a ver com a dela, em princípio com o tronco comum (formação geral em psicologia) teria a ver.

O momento em que realmente passei de despreocupada para ansiosa/nervosa foi aproximadamente às 17h quando descobri o que se passava dentro daquele gabinete misterioso: de acordo com o segurança/recepcionista estávamos todos ali para entrevistas a serem efectuadas pela empresa detentora da vaga. Primeiro pensamento: "Merda, não trouxe o curriculum!". Este pensamento foi acalmado pelo burburinho geral, ninguém vinha preparado para entrevistas. Afinal, eu não era a única parva que ao ler a carta do Centro de Emprego, achou que se tratasse de reunião inofensiva feita por funcionários do CE onde a oferta era apresentada.

Depois desta revelação, fiquei ainda mais preocupada quando ouvi alguém a perguntar à pessoa que tinha saído do gabinete de que empresa se tratava, não ouvi a resposta mas ouvi o comentário de quem perguntou "E o que é que isso tem a ver?!". Pensei: "Merda!". Mas como não sabia qual era a formação de quem fez a pergunta, relaxei um bocadinho.

O meu estado de ansiedade/nervosismo não foi alterado depois destas revelações, mas sim o aparvalhice, quando descobri que, independentemente da hora que esteja escrita na carta (e são todas diferentes) as pessoas são chamadas por ordem de chegada. Pronto, e não é que eu achei estranho o facto de terem colocado 10 min. de intervalo entre o tempo que chamam as pessoas nas cartas enviadas, afinal poderiam ter poupado tempo e imprimir as cartas de enfiada, tudo com a mesma hora, é que se eu soubesse, tinha aparecido às 14h, hora a que cheguei ao local, mas, armada em esperta fui tomar café.

Quando fui chamada, por volta das 17h30, fiquei a saber que a oferta de emprego era para dietista (mais uma cara de parva que fiz), valeu o facto de ter oportunidade de dizer "Não estou preparada para desistir já de encontrar alguma coisa na minha área." (cheira-me que foi das maiores burrices que já disse, mas pronto), de me terem chamado de colega (pelos entrevistadores, acho que numa de coitadinha, nem sabes o que te espera...) e de ter tido a possibilidade de fazer a bela da figurinha quando me fui embora:
Eu: Boa tarde!
S/R: Já?!
Eu: Comigo é rápido!


Rescaldo:
- Apesar de tudo compreendo porque me tenham chamado, isto porque acredito que o princípio geral que governa o CE é o de "quanto mais gente melhor, nem que seja só para dizer que aqui trabalha-se"
- Acho que andam a gozar com a cara das pessoas, porque há desempregados com uma vida (mesmo que eu não me encaixe nessa categoria)
- Continuo a achar inacreditável que o serviço funcione apenas com uma sala de atendimento (embora hoje não tenha passado por lá)
- Saí de lá a pensar na validade daquela selecção
- Para já penso positivamente (ainda com cara de parva): Pelo menos fui chamada!
PS: Este é daqueles posts em que quantidade e qualidade não estão relacionados

2 Comments:

At 9:21 da tarde, Blogger A Mulher said...

Compreendes porque foste chamada?! Eu não. A menos que te chamassem igualmente para o resto das ofertas de emprego.

 
At 9:28 da tarde, Blogger Adriana said...

Exacto. Há que mostrar trabalho sn vai td pa rua...

 

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