domingo, dezembro 04, 2005

Amizades online

Recentemente confrontada com uma afirmação relacionada com o à vontade presencial que partilho com um amigo essencialmente internético, resolvi, numa introspecção baldia, teorizar o que permite esta confiança com "caras" que ainda não conhecemos, ou que fisicamente conhecemos pouco, que nos leva a pensar que offline, onde dominam o olhar e as não-palavras, a segurança/confiança e à vontade serão os mesmos com que despejamos a nossa alma num teclado para depois a ver "imprimida" num écran e saber que um outro écran e outros olhos a irão ler.

Muito sinceramente não acredito em amizades online. Não acredito na realidade de conhecimentos com pessoas que nunca vimos. Simplesmente porque qualquer conhecimento que se faça sem um contacto físico/presencial é um conhecimento a reviver quando se está face a face. Por isso mesmo, acho que por mais intimidades que se transmitam num écran, numa internet, noutra internet, estas nunca serão suficientes para permitir um salto virtual à amizade física, um salto virtual à necessidade de criar um espaço físico de conhecimento comum. E acho igualmente que palavras mentais de "eu estou bem ao teu lado, aquilo que já partilhamos por palavras permite-me isso" não vão criar ou construir de um momento para o outro algo que se consegue com anos de convívio. O à vontade físico e mental para "conversar" com alguém que se encontra do outro lado da linha telefónica ou no extremo da nossa internet nunca deveria ser confundido com um à vontade presencial. Sentados numa cadeira, deitados na cama ou num sofá, no nosso ambiente, a ouvir a nossa música, sem as chatices de lugares públicos, saltamos necessidades como conversas sobre o tempo, olhares carregados de avaliações, comportamentos de desconforto, e ao mesmo tempo que travamos conhecimento com alguém escrevemos no blog, pagamos contas, fazemos encomendas, pesquisamos assuntos interessantes. São circunstâncias especiais e eu não acho que devam ser ignoradas.

Por todas estas razões, eu já não acredito na ilusão da internet ou da sua falsa segurança. Por todas estas razões eu não sobre nem sub valorizo uma boa conversa com um desconhecido ou a falta de palavras escritas com um conhecido e bom amigo. Por todas estas razões, eu acho que quaisquer que sejam os sentimentos que surjam numa conversa online, devem sempre ser analisados offline e não numa continuação virtual de palavras e emoções substituídas por smileys expressivos.



PS: Tenho plena consciência de que esta opinião é um resultado desagradável da soma de várias experiências passadas. Por causa disso não penso em alterá-la, pelo menos não tão cedo.
Acabei por não teorizar nada e dar apenas uma opinião completamente parcial. No fundo era mesmo isto que eu queria.

4 Comments:

At 11:54 da tarde, Anonymous Anónimo said...

""

 
At 10:44 da tarde, Blogger A Mulher said...

Na minha vida, as maiores desilusões não foram com amizades via net. As expectativas não são só negativas, permitem tb uma certa protecção anti-desapontamento.

Quem achar que isto que eu disse não tem nada a ver, provavelmente tem toda a razão. Houve partes do post que eu não percebi.

 
At 4:27 da tarde, Blogger Adriana said...

Tem a ver, e vai exactamente d encontro ao q eu escrevi.

É normal que não tenhas percebido, eu às vezes não faço questão de ser muito legível e escrevo de um só fôlego. É claro que depois sai merda, mas pronto. :P

 
At 7:37 da tarde, Blogger A Mulher said...

Calma... houve alturas em que eu pensei: "mas como é que eu não me lembrei de escrever um post assim?" :P

 

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