O meu enigma
De todas as porcarias que passam na televisão, eu não vejo muitas. Algumas só. Mesmo. Não porque escolha poucas porcarias para ver, mas porque não vejo muita televisão. E depois a televisão que vejo é exclusivamente nocturna. Não vejo telejornais, não leio jornais, não leio livros, nao vejo filmes. Trabalho. E depois disso tomo café. Às vezes fumo. Curiosamente já fumei mais. Quando não me apetece não fumo, e não me apetece sempre fumar. Viajo. Entre duas cidades perco 6 horas de viagem todas as semanas. Na verdade não perco, porque se não viajasse também não estaria a fazer outra coisa. Vivo de arrasto. Não gosto nem desgosto de viver. Vivo. Não faço nada para não viver, mas também não faço nada para viver. Nada me estimula e aquilo que me desagrada tenho tendência para evitar. Os problemas rodam à minha volta. Não considero que me deva preocupar comigo própria porque a situação das pessoas à minha volta é bem mais importante que a minha. Não sei o que é que estou aqui a fazer, mas se não estivesse aqui também não saberia porque não estar. Já me esqueci do sabor de muitas coisas e não me lembro da última vez que fui feliz. Vou, progressivamente, ficando pior e não me apetece evitar.
É um enigma.
Quem sou eu?
posted by Adriana @ 23:20
6 será que vale a pena?
6 Comments:
Como é óbvio não vou responder à pergunta "quem sou eu?"
há muitas teorias há volta disso. há quem diga que somos aquilo que repetidamente fazemos; há quem diga que a partir do momento em que pensamos, existimos; há quem diga que somos o resultado do passado (há quem diga até que de vários passados,pois vivemos muitas vidas, dizem);
há quem diga que agimos conforme as memórias que temos de quem somos, que cada dia que acordas te vais aos poucos recordando do que costumas fazer para depois quando estiveres "desperta", repetires os padrões que te têm definido;
há quem diga que somos todos uma escumalha, que de facto o ser humano só trouxe calamidade ao mundo;
há quem diga que um dia seremos todos Deus. Há varias leituras que se podem fazer nesse aspecto;
há quem diga que somos puzzles e que há medida que vamos recolhendo as peças, a nossa imagem e quem somos, vai-se modificando.
há quem diga que somos todos filhos de Deus e apenas pecadores e que se não nos redimirmos vamos parar ao inferno, mas que se os fizermos, o paraíso espera-nos("Ámen", acrescentam).
há quem diga que não somos ninguém, que cada um de nós é um ser miseravelmente pequeno em relação à grande máquina destruidora que é a sociedade de hoje, que nos desmiola e faz por nos tornar em ninguém.
há quem diga até que se leres determinado livro (por exemplo "o segredo"), serás muito mais sábia/o e encontrarás todas as respostas aos teus enigmas da vida.
...
E pessoalmente, eu já disse o que tenho a dizer montes de vezes sobre tudo isso. E já me cansei. ou melhor, já não vejo tanto sentido nisso, porque já sei o que penso e basta-me. Sei o que vivi, sei o quanto estudei todos esses assuntos e sei que pouca gente compreende decentemente o que tenho a dizer. também o partilho com algumas pessoas mais próximas é certo. e de vez em quando comento uma ou outra coisa que se passa.
anyway,
cheguei a uma conclusão simples.
não importa quem és. No fundo. tu não estás a perguntar isso, mas antes "Porque sou assim?" "porque não sou de outra forma?" "porque sinto que as coisas estão mal como estão e que tenho de mudar mas não o faço?"
E essas perguntas, são mais objectivas. Essas perguntas têm mais respostas.
Não são, é claro, todas as perguntas que te queres fazer. mas estou em crer que são das que mais te moem o juízo. E para elas também há muitas respostas ditas por várias pessoas. Mas é mais fácil desta vez obteres a tua própria resposta. Porque ninguém te (des)conhece melhor que tu a ti mesma. ninguém te engana melhor, ninguém te fode melhor, ninguém te encoraja melhor, ninguém te destrói melhor, ninguém te quer melhor, que tu, a ti mesma.
agora vai,
e boa sorte.
Este comentário foi removido pelo autor.
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os comentarios que fram eliminados eram repetidos, o site dizia que não conseguia postar, mas afinal...
bom, em relação ao blog, encontrei-o por causa da palavra "escaganifobético".
e não sei bem que dizer sobre o blog em geral.
tens sentido de humor, mas acho que ele está lá não para ter piada mas para enaltecer o negativismo.
quer dizer não é totalmente negativo, mas positivo não é de certeza também.
também deves escrever apenas quando tens uma certa disposição, o que influencia a leitura da coisa. sim, a escrita de uma pessoa nunca a representa como um todo, apenas parcialmente.
mas há algo de apelativo no blog. não sei, fiquei curioso.
beijos,
fica bem adriana.
p.s. o 1º comentário tem um final estranho. but i kinda like it.
O teu comentário fez-me voltar a ler este post e relembrar estas conversas que tenho comigo própria.
Continuo sem saber quem eu sou. E muito menos sei porque não sou de outra forma. Já deixei, no entanto, de ficar à espera que a vida mude por mim aquilo que eu não quero viver e já deixei de achar que vou encontrar uma maneira boa de ser.
E tens razão, a escrita vinha com uma certa disposição.
Não sei onde é que a pus.
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