domingo, março 19, 2006

Um texto escaganifobético*

Já é para aí a quarta ou quinta vez que começo a escrever um post e a meio do caminho apago-o, ou então começo a escrevê-lo no word e não chega a sair de lá. Para não falar da quantidade de rascunhos que tenho aqui, com tendência a aumentar. Este por exemplo, é um bom candidato para rascunho.

Tenho a ligeira sensação de que existe um tempo para tudo na vida. Para além disso, considero os seres humanos dos seres mais voláteis, inseguros e pouco confiáveis que há. Aliás, querer-me-á parecer que a única coisa que nos safa e ao mesmo tempo nos destrói é a inteligência. Por isto, pouca coisa pode ser considerada constante e as vontades, desejos, apetites e, muitas vezes, as características pessoais de cada um dependem do estado de saturação a que estamos sujeitos. Daí a dependência pela constante mudança. Demasiada estabilidade ou demasiada instabilidade produzem monotonia, originando o desejo de mudança. Um nível óptimo de estabilidade/mudança é coisa que não acredito que exista, porque, a longo prazo os níveis de saturação são atingidos, abalando os pilares de segurança anteriores. Tudo isto para dizer que, sempre que falamos e dissertamos sobre nós próprios e tudo o que num momento ou noutro faça parta de nós, estamos, inevitavelmente, a a fazer referência ao que fomos.

Por isso estamos em constante mudança, e só somos incapazes de ultrapassar o passado e sermos diferentes na medida em que nos limitamos a construir muralhas à volta do que já passou.

E então, somos aquilo que fazemos? Ou aquilo que somos não é ditado pelo que fazemos? Ou é tudo uma grande mixórdia e a pergunta tem nada a ver?
Não me parece que a acção defina uma pessoa. Acho que o nosso comportamente é, em parte, a nossa investigação empírica do potencial que temos. E através de ensaios e erros vamos descobrindo aquilo de que somos capazes. Ou seja, se por vezes fazemos merda não é porque sejamos uma merda, mas talvez seja mais porque merdas acontecem.

É por isto que aquilo do Eu sou assim, o que queres que eu faça?! comigo não cola.



PS: Não fiz por ser coerente, nem tão pouco por fazer sentido no que quer que seja que disse...

* O post foi uma desculpa esfarrapada para meter esta palavra...