quarta-feira, outubro 05, 2005

Revistas cor-de-rosa

Enquanto falava, num outro blog (que se encontra actualmente a passar uma crise de identidade...), da necessidade ou oportunidade de falar da vida das pessoas que não tem conhecimento do mesmo e, muito provavelmente, se não com toda a certeza, nunca virão a ter, ocorreu-me que já não leio revistas cor-de-rosa há muito tempo.

Apesar de não ter nada para fazer (ou ter e não querer fazer), poderia pensar-se que uma das formas através da qual ocupo o meu tempo é a ler revistas. Mas não. Vejo televisão e passo grande parte do tempo que estou acordada em frente ao computador (isto não quer dizer que a fazer algo de útil, não fosse a internet considerada por alguns "peritos" internautas como a "grande satã da sociedade actual"). Mas não leio revistas.

Consequências directas (e pelas quais tenho grande pena):
- deixei de saber quem recentemente se casou
- deixei de saber quem, dos que recentemente se casaram, já se divorciou
- deixei de saber quem, dos que se encontram casados há muito tempo, já se divorciou
- deixei de saber quem está separado, zangado, mostrou a roupa interior em frente a uma câmara fotográfica, tem um/a namorado/a novo, está grávida, teve filhos, teve gêmeos, morreu, foi apanhado com drogas, está na cadeia, etc.
... relativamente à vida dos "socielaites" portugueses e estrangeiros.

Mas mais importante do que isto tudo, deixei de poder dizer coisas como: "Sabias que...", relativamente à vida dos outros. E isso é triste, muito triste.

Podia facilmente resolver isto através da dita cuja internet na qual passo enfiada o dia praticamente todo, mas isso dá muito trabalho.

Sinto-me cor-de-rosamente inculta, por exemplo, relativamente às novelas. Há uns tempos não via nenhuma e sabia o que ia acontecer em todas. Agora, vejo quase todas e às vezes até fico na expectativa daquilo que vai acontecer...

É isso que as revistas cor-de-rosa fazem. Dão-nos o poder de dizer coisas como: "Tu ainda não sabias isso?! Eu já li essa 'novidade' na **** há semanas!!" e ficar, secretamente, contente com o facto de perder tempo a revistar umas quantas folhas que relatam a vida dos outros que gostamos de acreditar ser mais interessantes do que as nossas...

Nem toda a gente pensa da mesma maneira que eu. Eu só comecei a pensar assim a partir do momento em que as minhas manhãs de domingo eram ocupadas pelo atendimento esporádico de clientes no estabelecimento dos meus pais, enquanto lia, devotamente, algumas publicações coloridas. Não lhe dava o devido valor. Sempre tinha oportunidade de dizer bom dia com alguma frequência e fingir que, às vezes, também sei ser simpática.

2 Comments:

At 8:36 da tarde, Blogger A Mulher said...

Esse último parágrafo...

 
At 10:06 da tarde, Blogger Adriana said...

é nestas alturas que eu dou valor aos smileys do msn... e perceber o tom dessa afirmação? nem sei s é insulto ou n! embora desconfie...

 

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