segunda-feira, janeiro 30, 2006

A guerra entre os sexos

Tenho uma opinião muito simples sobre a guerra entre sexos: tem piada. É só isso que deveria ter, sempre piada. Deveria ser engraçado, deveria divertir porque não tem mais nenhum objectivo. Homem e mulher são diferentes, ninguém quer que sejam iguais, são os dois uma merda e ponto final. Se toda a gente pensasse assim, essas ninharias de começar os ataques pessoais porque um é homem e outro é mulher acabavam e éramos todos obrigados a por a cabecinha a funcionar p'ra conseguir insultar o nosso parceiro/a, gajo/a que nos deixou, gajo/a que nos enerva/detestamos/não podemos ver à frente, etc. Por exemplo, cuscar as conversas dos outros nos comboios, cafés, elevadores, shoppings, etc. ia ser muito mais interessante. Assim, em vez de ouvirmos a monótona acusação de os homens são todos iguais! e as mulheres são todas iguais!, ficávamos a saber que ele acabou com ela porque ela só quer ir pós copos com as amigas, não lhe dá valor e quando está com ele só quer sexo, e ela acabou com ele porque ele está sempre a chorar ou a fazer chantagens emocionais, não faz absolutamente nada sozinho e é capaz de ficar chateado só porque ela não diz a palavra morzinho sempre que falam ao telefone.

Sinceramente, ver a energia com que as pessoas se envolvem em discussões para justificar porque é que um é melhor que uma e vice versa é das comédias melhores que há.

E agora, mais uma forma de aniquilar a existência humana (e outra qualquer...)

Tive um fim de semana bom. Mais do que isso, aliás muito mais, mas pronto, foi um bom supremo. Fora isso, na treta com o pessoal, fiquei a saber de umas notícias que andam por aí a circular sobre a existência de uma nuvem de poeira cósmica que supostamente se dirige para o Sistema Solar e acabará por engolir o nosso planeta num prazo de oito anos, ou seja, chegaria cá por volta de 2014. Ora a possibilidade de ver a probabilidade que tenho de vir a ter um futuro drasticamente reduzida, deixou-me pensativa. Depois de ter pensado (uma coisa de segundos...) cheguei à conclusão de que caso fosse verdade, todas as minhas preocupações iriam, naturalmente, esfumar-se. Tendo em conta que grande parte da minhoquice que ocupa o meu pensamento está inequivocamente relacionada com o meu futuro profissional e o sonho de vir a ter um que seja na minha cabeça decente, dizerem-me uma coisa destas é no fundo bom. E porquê? Porque oito anos não é tão pouco tempo que seja necessário aproveitar a vida em três dias ou três horas, mas é tempo suficiente para cometer loucuras mais espaçadas e variadas, permitindo uma janela de vida em que o desperdício a que voto os meus dias seja visto com uma perspectiva algo alterada.


Agora numa nota completamente diferente, e porque eu fiz questão de googliar este assunto para saber se podia começar já a fazer o saco para me por na alheta, ou pelo contrário, devia era continuar a percorrer os classificados, descobri que esta Nuvem do Caos que "dissolve tudo o que encontra em seu caminho, incluindo cometas, asteróides, planetas e estrelas inteiras", é pura treta. Infelizmente, é mas é coisa de gente sem nada para fazer (podia, portanto, ser uma coisa minha...) que começou a ser espalhada, desconfio eu, por pessoal que sonha com desculpas que justifiquem a decadência psicológica e física na qual se sentem cada vez mais acomodados*.



* Eu diria que muita gente se insere nesta categoria, e não estou a falar necessariamente de pessoas que passam o dia enfiadas em casa a viver à custa dos outros, ou seja, não estou só a falar de mim.

domingo, janeiro 29, 2006

Qual é pior?

uma pessoa simplesmente chata

ou

alguém que nunca se farta de insistir que é chato

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Não

Não gosto de estar apaixonada. Acho que muita gente vive disso, ou espera por isso. Por aquela sensação de que o mundo tem um objectivo, e que a vida se torna repentinamente clara, e que não basta apenas existir. Não me quero apaixonar, não quero que amanheça no meu quarto sem antes abrir as cortinas. Neste momento gostava, apenas e só, de me sentir bem na minha pele. O resto que venha depois, se vier.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Nas minhas piores horas, lembro-me de ti. Lembro-me que não interessava a merda que me sentia, tu arranjavas sempre maneira de me fazer sentir pior.

domingo, janeiro 22, 2006

220

Já muitas vezes tentei descobrir se sou ou não uma pessoa romântica. Primeiro a definição de romantismo tem muito que se lhe diga. Se rosas, chocolates e jantares à luz da vela são aquilo que definem o romantismo, então não, não sou romântica. Se músicas melosas e baladas que repetem, uma após a outra, os versos, as cores, a melodia, então não, não sou romântica. Se esperar pelo cavaleiro andante, pelo amor que nos vai salvar da solidão é ser-se romântico, então não, não sou romântica.

Mas, mais do que isso, eu acho o romantismo um estado de espírito, e não apenas uma característica da personalidade. Acho que qualquer apaixonado é romântico, mesmo que o transmita de formas diferentes. Por isso hoje, não estou romântica, e ver A vida é bela de Roberto Benigni, não é uma escolha cinematográfica que me agrade particularmente, mas ou é isso, ou são os especiais das Eleições, e assim mais vale acabarem comigo de uma vez!

sábado, janeiro 21, 2006

Mais uma revista no mercado

Sem querer fazer qualquer tipo de suposição acerca da qualidade desta nova publicação, aqui vai um excerto daquilo que esta nos traz de novo:

... a esta altura você já deveria saber...

... que poucas coisas são mais deselegantes do que uma mulher a mascar uma pastilha elástica!*

Acho que todos estamos contentes por finalmente alguém ser capaz de publlicar esta verdade absoluta! Sinto-me mais inteligente e culta e agora que sei, nunca mais volto a mascar uma pastilha elástica em público, ou em privado, não vá ser apanhada de surpresa...


* Grazia, apenas 1.50 €

Inícios, meios e fins de semana

É fim de semana. A semana está a acabar, e outra está quase a começar, falta só mais um dia. Estranhamente, os dois dias que compõe o fim-de-semana duram mais tempo do que a semana inteira, tudo porque continuo a deitar-me de manhã só que sou obrigada a acordar mais cedo. Enquanto que o mundo aguarda o descanso do fim de semana, eu aguardo o descanso da semana.

Filosofia da vida

A vida é uma grande merda, logo, merdas acontecem...

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Sobre os anúncios para deixar o tabaco...


Eu só queria dizer que se andasse por aí sempre a soprar numa gaita, também ia querer ajuda para conseguir deixar de fazer essas figuras tristes...

quarta-feira, janeiro 18, 2006

A pedofilia nas bocas do mundo

Andar por aí a percorrer os blogs que se vão sucessivamente criando e um após outro, vasculhar links e sites recomendados é daquelas actividades que eu não tenho especial vontade de fazer. Mas às vezes, quando se encontra qualquer coisa de interessante, até se procura e se tenta opinar sobre a qualidade deste ou daquele blog. No outro dia encontrei um que me chamou a atenção. Primeiro pelas fotografias, depois por alguns textos e citações que acompanhavam as imagens. Mas o blog já é antigo, e já não tem entradas desde outubro do ano passado. Por esta razão, e também como não tenho forma de comentar no local algo que li, vim para aqui falar sobre pedofilia.

Ora o que li, não concordei. O autor queixava-se que, actualmente (2003) existe uma espécie de complacência crescente em relação aos pedófilos e aos crimes de pedófilia. Caracterizava a pedofilia, ou pelo menos a noção que as pessoas tinham desta, como um crime que a generalidade de nós associava a alcoólicos, a pessoas extremamente violentas sem qualquer tipo de formação moral ou ética, e que era cometido numa aldeia remota e isolada ou em qualquer lugar que se situasse a uma distância minimamente segura das nossas casas. Sinceramente nunca fiz esse tipo de associação, mas aquilo que mais estranhei foi a afirmação de que: por vermos pessoas normais, bons chefes de familia, figuras públicas ou pelo menos conhecidas, com altos cargos ou com profissões "dignas" como a advocacia e a medicina, pessoas que nos habituámos a ver e algumas das quais que nos habituámos a gostar, envolvidas no caso da Casa Pia, deixámos de ver os pedófilos como os verdadeiros monstros que eles são. Eu acho isto redondamente errado, pelo menos da minha parte. A verdadeira monstruosidade destes crimes, para além da idade das vítimas, da sua inocência e daquilo que apenas podemos imaginar como consequências que irão sofrer, são as características de quem os comete. Acho fácil e cómodo catalogar alcoólicos ou pessoas extremamente violentas sem qualquer tipo de formação moral ou ética como monstros capazes de molestar sexualmente crianças mas a realidade da pedofilia é outra. E é essa realidade que é monstruosa. É na realidade das coisas que acontecem em qualquer lado, na porta vizinha ou mesmo dentro de casa, onde os monstros têm a máscara de pessoas que nos habituámos a gostar, de familiares, é nessa realidade que os monstros vivem. Por isso não acho que complacência seja uma palavra adequada. Antes pelo contrário.


PS: Esta foi daquelas alturas em que eu queria mesmo que alguém me ouvisse.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Os desenhos animados da minha infância

Já desde há muito tempo que cultivo uma memória mais ou menos nítida sobre uns desenhos animados que costumavam passar na televisão quando eu era pequena. Não eram especialmente bons, especialmente engraçados, especialmente nada. Mas eu gostava deles. Já tentei, por diversas vezes, explicar às pessoas com quem converso sobre o universo infantil da nossa infância a que desenhos animados me refiro, mas acabo sempre por fazer uma figura triste e passar por maluquinha que inventou uns desenhos animados com liliputianos. Na esperança de que alguém partilhe esta memória, e porque daqui a uns anos quando for a contar esta história pela milionésima vez alguns pontos já deverão ter sido acrescentados, fica aqui aquilo de que me recordo.

Os desenhos animados tinham como personagens principais uns seres pequeninos (à falta de melhor descrição) que viviam dentro de umas grutas debaixo do solo. Como a memória é fraca, acho que eram mineiros, e lembro-me da particularidade de utilizarem os pirilampos dentro de gaiolas de forma a poderem ter luz. Lembro-me de pouco mais do que isto a não ser que não podiam sair das grutas porque os gigantes que viviam cá fora nunca poderiam saber da sua existência (mas esta parte acho que já sou eu a fazer confusão...).
Lembro-me de um episódio em particular, onde alguém descobre um pedaço de papel com uma anedota escrita, e quem quer que lesse aquela anedota não conseguia parar de rir. A partir daí instala-se a confusão e no final eles tiveram todos de viajar para beber uma água qualquer que seria a única maneira de pararem de rir (o final é aquilo de que menos me lembro, por isso não sei se era mesmo assim).

Ora eu não sou maluquinha. Eu tenho a certeza que estes desenhos animados existem, só que não consigo encontrar provas disso em lado algum. Mas eu tenho a certeza!

domingo, janeiro 15, 2006

Gastronomia

Portugal é daqueles países que onde quer que se vá para fazer programas culturais sobre as terras, há sempre hipótese de se ouvir:

"... é um óptimo local para ... e claro, uma boa refeição!"

E isto explica muita coisa...

sábado, janeiro 14, 2006

Memórias inúteis

Estava eu aqui a jogar um sudoku killer, quando me pus a pensar (logo nada de bom vai daqui sair) que há coisas na vida que eu nunca vou esquecer. E não estou a falar de momentos bons ou maus que tenham sido marcantes. Estou a falar de pequenas coisas que por muito poucas razões prevalecem e ganham espaço na memória mesmo quando lá não deveriam ter lugar, não porque não devessem ser recordadas, mas porque é ridículo lembrarmo-nos delas com tamanha clareza. Exemplos:

uma viagem que fiz de expresso com um rapaz sentado ao meu lado que vinha constantemente a gesticular com as mãos uma guitarra imaginária provavelmente ao som da música que ouvia pelos headphones;

uma conversa telefónica entre uma mulher e o filho que esperava por ela no continente e a quem pedia para não se esquecer de comprar chocolates para a sogra (isto foi no natal);

uma frase em tom mais exaltado de quem vai apertado no autocarro sobre um rapaz que ocupava um lugar no banco com o saco "Poem-se a meter os sacos nos bancos é claro que não há lugar!", e o rapaz que não sabia onde se enfiar;

uma conversa entre mãe e filha sobre a quantidade de pão que a segunda deveria ir buscar à padaria o mais rapidamente possível enquanto o autocarro não vinha, e o autocarro que veio assim que a rapariga entrava na padaria;

e mais coisas deste género.

Isto não me serve de nada, e não sei porque me continuo a lembrar...

Pensamento inútil

Ás vezes acho que tudo o que acontece, acontece de propósito. Podemos é não gostar do propósito com que acontece.

"Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê."




Luís de Camões

As minhas politiquices

Sem fazer referência a qualquer tipo de gosto partidário, ou sequer publicidade/campanha contra ou a favor de qualquer candidato à Presidência da República, vou escrever este post porque ontem fiquei a conhecer, pela primeira vez, a poesia de Manuel Alegre.

Eu sempre disse em tom meio brincalhão meio a sério que o melhor que o Manuel Alegre poderia ter feito era ter-se dedicado por inteiro à poesia (era esse e o Francisco Louça, que deveria ter ficado pelas aulas…). Sem ter pretensões de ser levada a sério, hoje em dia acredito que ele estaria melhor servido se seguisse os meus conselhos. Acho que há qualquer coisa de incompatível entre ele e a política. Ou então é uma magia que se perde. O que quer que seja, acho que está mal empregue!

Fora isso, antes de escrever o post, fiz questão de confirmar, googliamente, que o pedaço do poema que tinha encontrado era mesmo dele, não fosse cometer algum erro crasso e passar por parva (ainda mais) no blog. Ao confirmar, deparei-me com um pequeno texto identificativo do poeta que dizia o seguinte: “Poeta e ficcionista. A sua poesia está eivada de uma grande musicalidade e por ela perpassa a sua atitude socialmente interventiva.”

Posto isto, agora sim, o extracto:

“…a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com os teus lábios de espuma e salsugem…”

Não resisti… sim, muito socialmente interventiva…

PS: Todas as referências a Manuel Alegre, foram claramente manipuladas por mim…

quinta-feira, janeiro 12, 2006

P'ra quando?

Passo a vida a dizer que ouço e vejo mal. Na realidade, acredito que tenho as capacidades auditivas intactas, mas por alguma razão, a discriminação que faço dos sons tende a ser estabalhoada e, muito provavelmente, a escolha das palavras a que devo estar atenta nem sempre é fácil. O problema deve ser este...

A visão já é diferente. Nunca fui ao oftalmologista, mas vivo intrigada com com a eterna questão "Será que vejo o melhor que posso, ou já vi melhor que isto?". Por esta razão, sempre que saio de casa e sou obrigada a alongar o meu campo de visão e tenho a sensação de que o mundo se encontra desfocado, passo a vida a incomodar quem me acompanha com perguntas do género "Consegues ler aquilo?". E depois vem a boca: "Tu vês mal rapariga, tens de arranjar uns óculos." E a minha resposta de sempre: "Quando arranjar trabalho."

Ultimamente a desculpa do emprego tem vindo a justificar a minha existência. Tudo aquilo que não faço, não faço porque ainda não arranjei trabalho. Não é que pense que o trabalho e o alegado dinheiro que daí advirá me vá resolver os problemas todos, mas tenho a vida em espera por causa disso. Já me devia ter decidido a mudar alguma coisa, mas estou sempre à espera da semana seguinte, e da resposta que nunca vem. Era bom que no final deste mês a semana seguinte chegasse. Só depende de mim, e por isso mesmo é que não sei se é agora...

terça-feira, janeiro 10, 2006

"I know the voices aren't real, but they sure have good ideas!"

Esquecendo a noção esquizofrénica de alucinação auditiva, ter vozes dentro da cabeça que nos auxiliam nas tomadas de decisões que temos de fazer durante o dia-a-dia e, de uma forma geral, ao longo de toda a nossa vida, poderia ser considerada uma mais valia (excepto, é claro, nas situações em que a voz nos ordenasse coisas como Mata-te!, e mesmo assim...).

Nós - Opá, não sei se leve a camisola preta ou a vermelha! Quem me dera que alguém tivesse vindo comigo!
Voz dentro da nossa cabeça - Leva a vermelha! (dá sempre jeito uma voz com bom gosto)

N - Opá, não sei sei se deixe o carro estacionado aqui!
V - Não deixes que a polícia tá quase a passar! (dá sempre jeito uma voz com poderes telepáticos e preditivos)

Estes são apenas alguns exemplos onde uma voz dentro da nossa cabeça nos poderia oferecer benefícios. Existe sempre aquele pequenino inconveniente de não poder conversar com a voz em voz alta. Não vá alguém descobrir o potencial da nossa voz, e passar a vida a fazer-lhe perguntas por nosso intermédio, alturas nas quais convêm bater com o pé no chão e afirmar: Arranja uma voz pra ti!


Arranjar uma voz só nossa (porque maluquinhos com vozes na cabeça podem não estar sempre à mão de semear)

Caso não disponha de capacidades alucinatórias, algumas dicas são essenciais. Um treino individual e isolado de conversa consigo próprio em que as respostas às suas perguntas são feitas dentro da sua cabeça, enquanto que as perguntas proferidas em voz alta, é ideal. A repetição constante deste exercício mental e vocal levará a que, em determinada altura, seja desnecessária a mentalização da resposta porque uma voz efectivamente estará consigo. Eventualmente será necessária a interiorização do seu diálogo com a voz de forma a não despertar interesses de terceiros.

A partir daí, disfrute da sua voz!

Os sonhos da manhã

Não costumo ter grande recordação daquilo que sonho. Geralmente é necessária a presença de certas e determinadas variáveis: tenho de acordar do sonho de forma abrupta, descrever por palavras os acontecimentos mais importantes e não voltar a adormecer. Hoje de manhã tive um sonho estranho que não sei muito bem se diz alguma coisa acerca da minha pessoa, mas se calhar até gostava que não dissesse.

A memória está um bocado confusa mas a linha contínua da descrição que fiz quando acordei tem um tema prevalecente: o diabo. Mais especificamente, enfrentar o diabo. Dentro de um quarto escuro, onde um mulher deitada numa cama me fazia estranhos sinais dos quais eu não percebia nada, eu olhava entretida para um homem e uma mulher a discutir sobre um assunto que não me lembro. A mulher dos sinais, uma acamada "maluquinha" farta-se da minha falta de compreensão e arranca-me um saco de gomas verdes das mãos que eu ia começar a saborear e enfia umas quantas à boca. Começa com estranhos movimentos corporais e aparecem-lhe deformações de cor verde luminosa na cara. Arrasta-se até um cofre antigo que se encontrava no chão de uma sala contígua e retira de lá umas gomas vermelhas que enfia novamente na boca e que aparentemente param a transformação permitindo que voltasse ao normal. As primeiras palavras que diz são Foi por pouco. Depois começa a explicar que já antes tinha enfrentado o diabo e era assim que ele conseguia seguidores, com as gomas verdes, sendo as gomas vermelhas a única protecção possível. Mais ou menos nesta altura, e sorrateiramente, resolvi tirar as gomas verdes que tinha na boca...

Se alguém souber o que isto quer dizer...

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Isto sou eu, nos momentos em que menos gosto de mim

Todos os dias que ligo a televisão um pedaço dos EUA entra-me pelos olhos adentro. Todos os dias que isto acontece, eu relembro-me daquilo que faz deste país a América e que me relembra aquele sentimento de pura aversão a tudo o que tenha origem lá. Passados cinco segundos reconheço o quão cínica sou mas não consigo deixar para trás o sentimento geral de arrepio na espinha. Apesar das particularidades maravilhosas que se possam encontrar, o espírito americano revolta-me e esta revolta é de tal forma incapacitante, que por vezes esqueço-me de saudavelmente não ter sentimentos negativos em relação ao que desconheço totalmente ou, pelo menos, em grande parte desconheço. Já tentei perceber porquê, e ontem li aquilo que nunca consegui dizer, curiosamente, de um escritor norte-americano, Paul Auster:

"este grande país, um sítio estupendo (...) é também o mais hipócrita. A América está condenada à frutração de nunca conseguir atingir pela prática os ideais que defende." *

Provavelmente o sentido da afirmação não é aquele que vou prosseguir, mas para mim, isto evidência a recusa colectiva e individual de cada cidadão dos EUA em ver os buracos da existência humana, dos quais partilham, e a sua pretensa auto-suficiência como castradora e limitante. Isto define muito bem, para mim, o espírito americano.


* Para além das habituais revistas cor-de-rosas, o notícias magazine é agora a minha renovada leitura dos domingos de manhã. Gosto, excepto uma coluna de opinião, que parece mudar de assunto de vez em quando, mas nunca muda de tema. E é logo a primeira.

domingo, janeiro 08, 2006

A minha vida de hoje...

...e as minhas respostas de sempre.

Perante o marasmo no qual me encontro a afundar, de vez em quando ainda faço tentativas desesperadas de me incluir nos círculos das pessoas que vivem para além de si próprias. Ainda sorrio e converso e esqueço-me do meu reduto informático ao qual nunca consigo (nem quero) escapar. Fora isso, vai-se tornando repetitiva a minha existência, bem como os olhares por vezes inquisitivos, por vezes empáticos com sofrimentos diferentes do qual na realidade padeço. Nesta repetição, que não consigo imaginar como finita, pessoa após pessoa pergunta as perguntas que eu sempre respondi da mesma maneira, mas que agora têm um limite temporal mais previsível. O exemplo mais recente:

- Quando é que tiras a carta?
- Quando arranjar trabalho.

Ler os outros

Numa de recordar as nossas discussões que não nos levavam a lado nenhum, mas que sempre nos deixaram fazer muitas paragens, servidas com um café quente e cigarro a acompanhar, é bom vasculhar as bancas dos jornais e as páginas das revistas e ver que sempre fomos à frente, a antecipação daquilo que demora a muita gente muito tempo para observar e reflectir. É presunção minha, mas é uma boa presunção.

A frase

Não falha em qualquer lado para o qual me vire:

"E ainda dizem que não há dinheiro!"

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Porque é que eu não gosto de casamentos

Por ordem crescente, tendo em conta o espaço de tempo entre o convite e o dia do casamento:

- A escolha da roupa (que acaba sempre por ser qualquer coisa que só dá para usar uma vez e que é sempre desconfortável)
- Uma excitação generalizada não partilhada
- Coisas melhores para fazer (dormir é um bom exemplo)
- FOTOGRAFIAS em casa do/a noivo/a (em maiúsculas, porque é mesmo muito mau)
- FOTOGRAFIAS na igreja
- Lutar para tirar FOTOGRAFIAS (porque toda a gente quer ser primeiro)
- Vídeos de casamento há hora da refeição (ou noutro sítio qualquer, mas aqui atinge o pico da decadência)
- A banda (enganei-me, é este o pico da decadência)
- O RAMO e ser obrigada a tentar apanhá-lo e fugir dele porque já só as crianças é que são solteiras e a única adulta é que vai levar com ele.
- A ronda que os noivos têm de fazer pelas mesas (mas isso já não tem directamente a ver comigo, só não acho piada)

Encontro-me actualmente a esperar por um casamento que não preencha estes requisitos, até lá, o meu pior pesadelo: ter de ir a um casamento na noite de fim de ano.



PS: Era escusado dizer o que tem de bom, mas fica aqui a nota: a comida.

Perder tempo

Depois de dedicar muito pouco tempo a esta questão, e após uma acérrima discussão sobre quem desperdiça mais e melhor o seu tempo, aqui vai um resumo das melhores e mais frequentes formas de passar o tempo:


- fazer o que não gostamos para depois podermos fazer o que gostamos
- falar sobre o que gostavamos de fazer e inventar razões para não o fazermos
- esperar pela melhor altura para fazer o que gostamos
- fazer as coisas só para não as deixar a meio
- fazer o que os outros nos pedem
- fazer aquilo que deveríamos querer e gostar


No fundo, é melhor aprendermos a gostar daquilo que fazemos em vez de começarmos a fazer aquilo que gostamos. Ou então não...

quinta-feira, janeiro 05, 2006

O Inverno na terra e o Verão na televisão

Eu não tenho muito para dizer sobre este assunto, mas no fundo é algo que me passa, frequentemente, pela cabeça enquanto estou a ver televisão. Como, geralmente, nessas alturas estou sozinha não dá para o partilhar e acaba por não ser nada que me puxe a memória quando estou a acompanhada (nem que puxasse eu, provavelmente, não me lembraria). Mas como hoje os assuntos aqui são mesmo de merda, ora aqui vai mais um.

O mundo televisivo é comandado pelo ar condicionado. E neste mundo perfeito, mesmo no pico do Inverno, ainda há gente que se veste como se fosse verão. Pega num topzito ou numa t-shirtzita e enfia um casaco grosso por cima e pronto, está preparada para enfrentar os rigores do Inverno. Mas, mais importante que isso, é que todas as casas das pessoas que habitam a caixinha mágica têm ar condicionado, e é tão fixe o ar condicionado que permite ao pessoal fixe andar vestido em casa como se tivesse saído de uma aula de spinning, tirando as gotas de suor, claro.

A minha vida é mesmo miserável, passo a vida a arrastar o aquecedor de um lado para o outro, sempre que posso estou enrolada num cobertor, e nem dentro de casa ando simplesmente com uma t-shirt e um casaco por cima. Mas isso devo ser só eu, que sou friorenta...

Sexo (só para chamar a atenção)

Quando muito pouco na nossa vida nos incita ao raciocínio, a mais pequena estupidez que nos aparece pela frente, pode servir o propósito de uma dissertação cuidada sobre a natureza humana e as razões da nossa existência. O meu caso tem a ver com a mais pequena estupidez. A falta de uma companhia diária nesta reclusão desempregada leva-me a que para poder abrir a boca e dizer as minhas habituais parvoíces, o faça geralmente com a televisão (de onde estas pequenas estupidezes surgem, e também grandes estupidezes, mais frequentemente grandes do que pequenas). Como neste preciso momento encontrava-me a aparvalhar no blog, resolvi continuar nesse caminho e libertar alguma da minha frustração relativamente ao sexo e ao amor.

A televisão não tinha som, o que para mim geralmente é uma mais valia, e a tvi anunciava mais uma das suas reportagens de investigação fantásticas que eu devoro. Não pus o som na televisão, até porque o comando estava bem longe, mas também porque até já tinha visto ontem o anúncio deste maravilhoso momento televisivo. Porque não me lembro de nada do que foi falado, vou-me reportar ao que apareceu escrito. Parece que a reportagem é sobre a sexualidade nos adolescentes. E parece que a sexualidade na adolescência é dominada por palavras muito giras que se parecem com isto: Sexo sem amor ou Amor sem sexo. Então e não dá para ter os dois? Mas que entendimento profundo têm estes jornalistas sobre a adolescência para afirmar que ou é um ou é outro que motiva o comportamento destes "adolescentes"? Se calhar este seria um bom sítio para começar a procurar uma aproximação "adulta" à realidade de quem nós já fomos e que agora achamos tão diferentes de nós. Fora isso, não há meio termo? Não há sexo com amor, ou sexo vai ser sempre só sexo, e vai ser sempre por causa de sexo que uma miúda de quinze anos engravida?

Curiosidades

A rouquidão é uma situação muito mal aproveitada. Dá mesmo muito jeito quando se quer cantar em voz alta sem parecer que nos achamos um máximo. Para além de dar um excelente glamour à voz, tem-se a liberdade de poder cantar tudo o que se nos aparece à frente, sem sequer ser necessário o mínimo esforço para afinar, É que nem vale a pena, tou rouca!

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Lá por se ser licenciado, não quer dizer que não possa trabalhar...

Tive uma visita inesperada da pior espécie hoje de tarde. Enquanto me encontrava no meu pior aspecto, ou seja, acabada de levantar, de pijama e a ver televisão no quarto dos meus pais, familiares, que já não via há muito tempo, apareceram cá em casa. Após muito esquivanço, lá os fui cumprimentar (vestida e penteada), e tive de contribuir para a conversa da treta. Então, como vão as coisas? É só trabalho eu! Tu andas à procura né? Tá complicado. Dou-te um conselho, faz um currículo em que não ponhas a licenciatura porque senão não arranjas nada.

É verdade, se for estúpida ao ponto de colocar no meu currículo que andei cinco anos a estudar, que as minhas habilitações correspondem a uma licenciatura, ninguém me dá trabalho, é triste, mas é verdade. É verdade que a licenciatura é mais um fardo do que um auxiliar. É verdade que a menos qualificada para ingressar no mercado de trabalho sou eu, que me licenciei. É verdade que para procurar emprego na minha área, não tenho habilitações ou experiência que chegue. E é verdade que para procurar trabalho onde só peçam o secundário, ou até nem isso, eu não sou aquilo que procuram a não ser que esqueça a minha licenciatura.

Ou então não é verdade, ou pelo menos não deveria ser.

O que é verdade, é que isto é tudo muito ridículo, e eu nunca o vou achar normal só porque toda a gente o pratica e sabe que é assim. Por mais que seja assim não deveria ser, e eu nunca vou ter vergonha de dizer que sou licenciada, no mínimo tenho orgulho.

Mas o pior de tudo, é que, provavelmente, vai haver uma altura, em que muita coisa vai ser necessária, mas não é lá por ser licenciada é porque sou licenciada.


PS: A pessoa que me disse isto não merecia ter originado este post.

domingo, janeiro 01, 2006

Fotografar Vs Filmar

Antes de falar do assunto que aqui me trouxe, há que escrever uma pequena introdução, até porque não tenho outra forma de começar este post. Pela primeira vez, desde que me lembro de todos os anos que já passaram, este ano, ou melhor, o ano passado, foi o único que envolveu a preocupação em recordar o dia/noite/madrugada de uma forma mais objectiva, ou seja, fotografando ou filmando. Enquanto quatro pessoas distribuídas, em pé, pelo quarto de duas delas tentavam decidir se seria necessário levar a máquina de filmar, uma delas (eu) lembrou-se de mandar a papaia para o ar que justificaria o não levar e posteriormente este post. A razão seria a de que com um vídeo, não há como justificar o nosso aspecto.

Enquanto que com fotografias temos sempre a válida desculpa de que não somos fotogénicos, aquele não é o nosso lado melhor, apanharam-nos de surpresa, aquela não era a melhor luz e blá blá blá, sempre que nos deparamos com uma imagem nossa, com uma máquina de filmar, esta desculpa já não se aplica. Alguém está a filmar, se esse não é o nosso melhor lado viramo-nos. A luz não é boa? Acende-se um candeeiro. Apanharam-nos de surpresa? Mais uns segundos e já não estamos surpreendidos. O vídeo feito não dura milésimos de segundo, temos sempre a hipótese de mostrar aquilo que somos. Não gostamos do resultado? Pois, isso se calhar já não é culpa da máquina...